terça-feira, 12 de novembro de 2013

"POR"


Texto livre #5 "Um pequeno desvio na teoria, uma enorme capitulação no programa. Ou, sobre o POR (Partido Operário Revolucionário)".



 Não é muito difícil argumentar contra o POR. Basta ter alguma paciência e ler as besteiras que esta pequena e irrelevante seita escreve em seus panfletos.

Para o leitor de bom senso, convidamos que busque a "contribuição" do POR sobre o debate das drogas que consta no caderno de teses do último congresso da Anel. Trata-se de uma política de tipo obscurantista e medieval, dizendo que a luta pela legalização das drogas é uma "pauta burguesa" e reproduzindo um discurso moralista acerca das drogas, como se o seu uso fosse um sinal da "decadência capitalista".

O POR deveria estudar um pouco mais o assunto antes de se atrever a escrever estas barbariedades. As drogas foram, são e serão utilizadas em todas as sociedades na história. Seja numa perspectiva religiosa, seja numa perspectiva medicinal, seja numa perspectiva recreativa. Lutar pela legalização das drogas, pela estatização da produção e distribuição sob controle operário-popular é uma bandeira anticapitalista e que está diretamente relacionada com a luta contra a violência policial e os assassinatos na periferia. A "Guerra às Drogas" é antes de tudo uma "Guerra aos Pobres". Trata-se de uma política que teve origem nos EUA dos anos 1980 (hegemonia do neoliberalismo) e que resultou no aumento do número de mortes pela violência associada ao tráfico e, importante, aumento o consumo das drogas. A "Guerra às Drogas" revelou ser uma catástrofe tão importante que até setores da direita já defendem políticas de descriminalização. E os nossos colegas do POR, todavia, mantêm uma política que na prática em nada se difere da política de Reagan e Bush pai que inclusive justificavam a perspectiva de "tolerância zero" às drogas para fortalecer o imperialismo na América Latina.

Pois bem.

É importante colocar como um pequeno desvio na teoria gerará posteriormente repercussões enormes na política, no programa de ação. Ontem houve um ato pela desmilitarização da polícia e lá estava o POR divulgando seu panfleto. Os nossos amigos trotskystas conseguiram escrever mais de 3 extensas laudas sobre o problema da violência policial sem fazer uma menção ao tráfico, sem mencionar o encarceramento em massa de pobres e negro no brasil por causa da criminalização. Faziam o debate da luta "contra a repressão" totalmente no abstrato, o que certamente explica porque esta corrente só tem vida dentro do feudo de algumas universidades públicas. E, infelizmente, a ausência de qualquer menção à Guerra às Drogas no panfleto do POR sobre violência policial não é o pior de seu material.

O POR de forma inconsequente colocava como consigna final de seu texto: "a constituição de milícias operárias" como uma tarefa do movimento. Fico aqui pensando. A porra-louquice destes trotskystas é tão grande que eu me pergunto o que eles andam fumando para alterar seu estado de consciência desta forma. É óbvio que qualquer revolucionário entende que a luta pelo fim da PM é um programa máximo que está acompanhado da constituição das milícias operárias. Ocorre que não passa de uma provocação barata lançar uma palavra de ordem num momento em que ela não tem qualquer condição de ser constituída. A consigna que o POR coloca de "organizar milícias populares" faria sentido apenas se estivéssemos numa conjuntura revolucionária, com dualidade de poder. Ocorre que não estamos numa conjuntura revolucionária e um material deste, além de inútil, pode servir de prato cheio para a criminalização.

O marxismo-leninismo deve ser intransigente com a porra-louquice destes trotskystas provocadores.



 

sábado, 2 de novembro de 2013

“As tarefas da Socialdemocracia revolucionária na Guerra Europeia” - Vladimir Ilich Lênin


Texto Livre#4 - Grupo de Estudos Movimento Carlos Marighella – Valinhos




“As tarefas da Socialdemocracia revolucionária na Guerra Europeia” - Vladimir Ilich Lênin

Este documento corresponde a uma resolução de membros do partido social democrata russo. Não se tratara de uma reunião de caráter oficial uma vez que o comitê central do partido não conseguira reunir-se em função da perseguição e prisão de dirigentes do partido. Assim, a resolução de “um grupo de militantes socialdemocratas” tem os seguintes apontamentos:

1- A 1ª Guerra Mundial (“guerra europeia e mundial”) tem caráter dinástico, imperialista e burguês. Trata-se de uma luta por mercados e dominação imperialista, além de forma de conter o movimento revolucionário europeu.

2- Recrimina-se a política dos chefes do partido social democrata alemão, que votaram a favor da guerrae enganam os trabalhadores com os discursos chauvinistas da burguesia – o apoio à guerra imperialista pelo partido alemão é uma traição ao socialismo. O mesmo pode ser dito aos chefes do partido francês e belga que aceitaram entrar em ministérios burgueses durante a guerra.

3- O abandono do internacionalismo e à capitulação aos interesses das respectivas burguesias nacionais pelos partidos europeus implica na falência definitiva da II Internacional. Traição ao preconizar o chauvinismo burguês com nomes de “patriotismo” ou defesa da pátria”.

4- O papel da social democracia russa é lutar contra o chauvinismo russo, a monarquia czarista, bem como os oportunismos dos liberais, democrata-constitucionais e setores do populismo.

5- São 3 as grandes tarefas da social-democracia, neste sentido. Fazer ampla propaganda política dentro do exército acerca da revolução socialista e do erro de levantar as armas contra trabalhadores de outras nações e o caminho de levantar as armas contra os governos burgueses. Isso envolve organizar células clandestinas no exército. Depois, estender esta propaganda dentre as massas trabalhadores das demais nações. E finalmente, lutar contra a monarquia czarista e o chauvinismo russo e panseslavo, propugnando em contrapartida a revolução.

“A Guerra e a Social-Democracia da Rússia”

Trata-se de artigo escrito por Lênin logo após a eclosão da guerra mundial, em setembro de 1914. Foi publicado em novembro do mesmo ano no jornal “Social Democrata”. Logo no início, Lênin faz uma breve síntese dos reais interesses das classes dominantes por detrás da guerra imperialista. Trata-se de uma guerra já preparada nas décadas anteriores. Refere-se ao armamento das nações, a agudização das lutas por mercados, a conquista de terras e a política de subjulgar nações estrangeiras. Também é uma guerra com o fim de arruinar nações concorrentes do mercado mundial, saquear riquezas e desviar a atenção das massas trabalhadoras com relação às crises políticas externas.

Lênin reitera as críticas feitas aos partidos social-democratas europeus que capitularam aos interesses de suas burguesias, votando recursos para a guerra (partido alemão) e adentrando ministérios burgueses (partido francês). De todos os partidos, o alemão é o principal responsável pela capitulação do movimento socialista internacional, por sua importância e influência. Na Rússia o chauvinismo também foi a política dos democratas constitucionalistas, parte dos populistas, socialistas revolucionários e até setores mais direitistas do mesmo partido de Lênin, o social-democrata. Com relação a estes últimos, Lênin faz menção ao apoio da guerra por parte de Plekhánov. Certamente, as pressões para a capitulação das forças de esquerda à “defesa da pátria”, em que pese o esforço de Lênin e seus camaradas, foi tão forte que até setores anarco-sindicalistas sucumbiram à guerra.

Um último aspecto colocado por Lênin é a desmistificação, feita pelos alemães, de que sua luta dentro da guerra imperialista enfraqueceria o czarismo e favorecia a luta revolucionária na Rússia. Em sentido contrário, a conjuntura mostra que no período da guerra o estado de exceção facilita a repressão do czarismo. “A utilização pela burguesia das leis do tempo de guerra para amordaçar por completo o proletariado coloca diante dele a tarefa imperiosa da criação de formas clandestinas de agitação e organização”.

 Outrossim, neste documento de 1914, Lênin ainda demonstra perceber a Rússia como uma nação ainda não “preparada” para o socialismo. Este país ainda não terminara, segundo Lênin, a sua revolução burguesa, colocando como bandeiras essenciais:

- A república democrática (com plena igualdade de direitos e auto-determinação dos povos)

- Confisco dos latifúndios

- Jornada de 8 horas de trabalho.